Para quem não conhece, Pachinko é uma espécie de pinball vertical muito popular no Japão. Trata-se de jogo que funciona com fichas (ou bolinhas) de valores que variam entre um a 500 ienes. Com sorte o jogador pode ter um retorno de milhares de ienes. Mas, quando isso deixa de ser diversão para se tornar um problema?
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As máquinas vão soltando fichas gradualmente levando o jogador a acreditar que o grande boom está próximo. Mas, invariavelmente isso não acontece e ele perde tudo. |
Em grandes metrópoles como Tóquio, Osaka e Nagoya, há Pachinkos espalhados em todos os bairros, muitas vezes com menos de 500 metros entre eles. Não fecham nem em feriados, mas o governo aplica um leve controle sobre as casas delimitando o horário de funcionamento entre 10 e 22 horas e proibindo a entrada de menores de 20 anos. Os japoneses formam filas desde cedo, muitas vezes uma hora antes da casa abrir.
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Para atrair os jogadores, as casas de Pachinko promovem dias em que prometem o aumento das chances de ganhos em 50%. Nestas ocasiões, as filas começam a formar três horas antes da abertura. |
O que "garante" o retorno do jogador é que todas as máquinas soltam fichas pelo menos uma vez ao dia. Normalmente depois que uma certa quantia é investida. Por isso, a parte da manhã e o final da tarde são os períodos que apresentam maiores chances de ganhos. Assim, uma máquina que trabalhou durante a noite pode "soltar" fichas depois de apenas 100 ienes (aproximadamente R$ 2,50) colocados na manhã seguinte.
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Cada caixa vermelha equivale cerca de 20 mil ienes (mais ou menos R$ 300) |
Jogos de azar são proibidos no Japão, mas o Pachinko é legalizado por um pequeno detalhe: a compra e venda de fichas não se dá dentro da casa e sim em um pequeno quiosque do lado de fora do estabelecimento. O que nos faz pensar: por que simplesmente não liberar a prática?
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As fichas são trocadas dentro do Pachinko por um cartão que indica o valor total dos ganhos. O jogador então sai do estabelecimento e troca o cartão por dinheiro |
Mas, quando isso passa de entretenimento para problema? O vício acomete tanto mulheres quanto homens e é muito comum que ambos os pais gastem boa parte de seus salários nos Pachinkos, impossibilitando o sustendo da família, obrigando o governo a dar a assitência financeira necessária para impedir o empobrecimento social. Situações mais graves envolvem mortes de crianças esquecidas dentro dos carros enquanto os pais jogam, ou desaparecimento de outras no caminho para casa depois de levarem o bentô (almoço ou jantar) para quem deveria olhar por eles.
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Criança de um ano morre no carro enquanto a mãe jogava pachinko |
Para um ocidental é mais difícil enxergar a diversão no Pachinko já que pouco se faz durante o jogo. Uma vez que a posição das alavancas é acertada, a única coisa que se faz é colocar as fichas. Quando a máquina está para soltar uma grande quantidade, uma pequena luz se acende e é neste momento que o jogador deposita mais e mais rapidamente. No fim, mais se assiste do que se joga. Neste ponto, vale o mesmo argumento usado por quem gosta de apostar em corridas de cavalos: o segredo está na análise das estatísticas e probabilidades.
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Há várias máquinas de diversos temas |
Para o japonês, entretanto, o Pachinko é uma forma de distração que desestressa porque não exige o esforço da socialização e pode trazer ganhos significativos. Além do mais, os proprietários procuram proporcionar um ambiente acolhedor e confortável. É possível beber e fumar, há cadeiras de massagens disponíveis por 150 ienes para aliviar as costas, máquinas de bebidas e comidas são encontradas em cada seção e os banheiros são modernos e limpos. Nem o tilintar constante de centenas de máquinas incomoda quem está jogando.
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Cadeiras ergométricas e cores vivas são utilizadas para estimular o jogador |
A idéia de diversão é subjetiva, todos queremos repetir o que é bom, sempre. A questão é se a diversão é saudável e neste ponto o Pachinko perde de longe. O número de jogadores que deixam seus empregos de lado para se sustentarem com a prática cresce a cada ano e o fato de conseguirem se manter prova que o que era para ser distração virou vício e como todo vício, prejudica a sociedade como um todo.
Por Tsu Matsubara
Por Tsu Matsubara
Matéria ultrapassada...Mas serve pra divulgar esse vício da sociedade japonesa que é muito comum no dia a dia dos japoneses,que mal esperam o expediente acabar pra ir correndo até um pachinko,com seus luminosos lindos e ambiente barulhento que atrai...Mas esse negócio de deixar os filhos no carro já há um bom tempo não existe mais,e bebidas alcólicas já não fazem parte desse ambiente há um bom tempo,e há muitos estabelecimentos,se não a maioria,já não permitem o fumo em suas dependencias...E os termos de premiação já foram duramente sancionados para desencorajar o jogo,hoje em dia já não se premia como antigamente,quando os premios eram desenfreados e as apostas mais ainda,mas,os bons jogadores(viciados)não desistem nunca...
ResponderExcluirOlá Kazu, infelizmente o problema continua no Japão. Em Osaka, a maior parte dos Pachinkos ainda permitem fumar e beber. Aliás, a questão no fumo é muito curiosa lá. A proibição não é lei federal e por isso vai da discricionariedade de cada estabelecimento. Fiquei surpresa em ver que redes de fast food como Burger King e McDonald's têm áreas para fumantes. :O Não sei se foi coincidência ou porque estava em férias e por isso minha atenção estava redobrada, em certa ocasião, o estacionamento de um Pachinko em Osaka estava cercado de policiais. Uma criança estava sozinha dentro do carro. Triste demais. Mas, você tem razão, os jogadores não encaram isso como vício. Acho que a única maneira de acabar com isso seria proibindo, a exemplo dos Estados Unidos e os países europeus e até do Brasil, casas de jogos de azar.
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