28 de fev. de 2014

SOBRE O ASSÉDIO VIRTUAL CONTRA AS GAMERS



Você pode não ter ouvido falar no termo camwhore, mas certamente sabe o que é. A palavra vem da combinação em inglês de camera e whore (prostituta) e existe desde que a internet é a internet. O que talvez não saiba é que algumas gamers são chamadas assim por pedirem doações online enquanto jogam, isso por causa de seus decotes ou de sua aparência. 

A pesquisa da Entertainment Software Association mostra que 45% dos gamers são mulheres (Report: Nearly half of gamers are women, The Washington Times). Apesar disso, ainda não são levadas a sério e são frequentemente desrespeitadas. O uso da palavra camwhore só piorou a situação.

Vamos, por um momento, deixar de lado tudo o que há de errado com o termo. Ao invés de camwhore, vamos usar a palavra blip. Isso muda alguma coisa? O fato de blip ser politicamente correto, não ofensivo e aceitável não conserta a questão da generalização, motivo de muitas reclamações da comunidade gamer feminina. Quem está online só para jogar e fazer amizades não gosta de ser confundida com algumas meninas cuja função maior é arrecadar dinheiro. Mas, quem aceita doações também não gosta de ser tratada como garota de programa. 

Tara Babcock

Um nome que sempre acaba aparecendo quando surge o assunto é Tara Babcock, uma modelo/gamer que participa de eventos como o BGS (Brasil Game Show) e lançamentos de jogos. Tara acabou se destacando porque embora não seja a única mulher bonita no meio, foi a única que conseguiu se destacar por realmente saber jogar. Se você vasculhar a internet vai ver que ela é chamada de blip em boa parte das publicações. Mas, isso prejudica a imagem das gamers em geral? 

Mais do que a imagem das mulheres da comunidade, a preocupação mais prática deveria estar na qualidade das pessoas que estão online. O anonimato acaba com a censura e abre as portas para todos os tipos de barbaridades. Mas, isso acontece na internet em geral. Até há pouco tempo, publicações caluniosas estavam livres de punição nas redes sociais. Hoje, existe projeto para incluir difamações e abusos contra mulheres na internet na Lei Maria da Penha. Os sites estão sendo responsabilizados por alguns conteúdos publicados, mesmo que sejam de natureza privada. Aos poucos, começa uma faxina na internet.  

A gente nunca sabe quem está do outro lado do comentário

Quando uma menina faz um stream do gameplay e de sua imagem, as chances de assédio aumentam consideravelmente. Vi muitos comentários (de homens e mulheres) em fóruns que, resumindo, queriam dizer: se não querem sofrer abusos, então que não façam o stream. Isso me fez lembrar da época em que as mulheres que trabalhavam fora tinham que aguentar o assédio dos colegas porque afinal, tinham a opção de serem donas de casa. A tecnologia avançou, a sociedade também, só o lado mediíocre do ser humano é que continua sendo o mesmo. 

Infelizmente o judiciário não consegue acompanhar o ritmo dos avanços tecnológicos,  por isso muitas coisas seguem impunes na internet. Além disso, ainda não se estabeleceu o que é considerado adequado como comportamento em certos canais. A maneira como você se porta no trabalho, na escola, num jogo de futebol e em casa segue padrões diferentes do aceitável ou não. Na internet isso ainda está nos primeiros estágios. Então é melhor ter paciência.

Por enquanto, só o que as gamers podem fazer é bloquear, excluir, ignorar, desconectar e reclamar. Bom, até que não é tão pouco assim. 


Por Tsu  Matsubara


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