O público brasileiro da indústria dos video games está sempre conectado e não se assustou com a globalização. Embora seu inglês seja básico, assiste programas americanos, lê comics e faz amizade no multiplayer online com outros gamers do mundo inteiro. A combinação disso com a escassez de jogos nacionais faz com que incorpore mais facilmente a cultura americana, mas sem perder as preferências nacionais. Como seria um video game customizado para o brasileiro?
Cenário
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Bonito no Mato Grosso do Sul e Goiânia |
Há sim jogos que mostram o Brasil, mas como se limitasse ao Rio de Janeiro, São Paulo e a Amazônia e, ainda assim, cheios de erros como em Assassin's Creed III. Um game com cenários exclusivamente brasileiros seria bonito, familiar e educativo. Imagine quantas fases com lugares diferentes poderiam ser feitas mostrando as características geográficas e culturais de cada região brasileira.
Idioma
O português brasileiro ainda é confundido com o de Portugal, a começar do sotaque. As localizações dos jogos melhoraram muito (vide a tradução da frase "Welcome to die" de X-Men: The Arcade Game), mas ainda há mutas expressões e uso da linguagem que soam artificiais demais. Faria mais sentido o personagem dizer "você está batendo na porta errada" do que "você está latindo para a árvore errada" (que não faz sentido algum) ou "morrE! filho da puta" do que "morrA! filho da puta". Pode não fazer diferença no contexto geral do jogo, mas acertar no coloquial brasileiro faria a narrativa fluir bem melhor.
Inimigos
O maior inimigo do brasileiro é o político. Qual não seria a satisfação do jogador em ter Maluf, Dilma ou Dirceu como boss? Na lista dos minions dá para colocar funkeiros (segundo o tag #10coisasqueeuodeio no Twiter, está entre os primeiros), operadoras de celular, autoridades públicas, carnavalescos, enfim, a lista é grande. Os jogos de fantasia poderiam misturar criaturas do folclore e bichos da fauna brasileira.
NPC (Personagens que não podem ser controlados pelo jogador)
Nos jogos de FPS (tiro na primeira pessoa) americanos, tem sempre aquele amigo que fica te dando dicas e te incentivando. Se o jogador fosse um policial atrás de traficantes, o mais plausível seria que algum morador da favela, Zeca Camargo ou um ex-BBB fossem NPC. Não faria mais sentido a Sabrina Sato do que uma loira de peitos grandes ou um nerd, estar ao seu lado dizendo que você é o máximo? Se a Navy, por mais irritante que seja, faz sucesso, imagine o que faria um saci.
Trama
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Engraçado o suficiente para dar uma boa estória |
Pode até ser uma trama confusa como a de Metal Gear, mas que aproveitasse, por exemplo, a cultura da novela brasileira. O filho bastardo do empresário que foi criado pela empregada e busca vingança contra o pai, o único policial incorruptível do país que é dado como morto, mas ressurge para acabar com o coronel que deu a ordem para matá-lo, a mulher mal tratada e pobre que vence na vida para fazer a justiça, são apenas alguns exemplos de tramas que podem ser tiradas da novela, música (Faroeste Caboclo daria uma ótima estória) e literatura brasileiras. Tudo é uma questão de apresentação.
Protagonistas
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Vai dizer que não seria legal controlar Maria Bonita? |
Fora Eddy Gordo de Tekken 3 e Richard Meyer de Fatal Fury não há muita representação brasileira nos video games. Aqui não temos marines, agentes secretos ou não secretos. É compreensível o desejo de ser um deles por causa da injeção de filmes e programas americanos, mas aqui tem bombeiros, esportistas, etc. É só questão de dar uma roupa bacana para eles. Agora, se a preferência do jogador for em controlar personagens como os de GTA, a lista é maior ainda. Nós também temos gangues, só não são negros de dois metros e nem mafiosos italianos.
Com um orçamento decente, uma produtora de peso, uma boa equipe, um jogo que retratasse o Brasil com realismo não só faria sucesso no país, como no mundo. Por que não?
Por Tsu Matsubara
Por Tsu Matsubara
A cultura brasileira é muito rica e daria grandes ideias não só pra games, mas também para filmes, HQs e livros. Sou otimista quanto a isto, pois já tenho notado que aos poucos as obras brasileiras vão ganhando espaço no cenário cultural.
ResponderExcluirSe colocassem os políticos ia vender muito.
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