15 de nov. de 2013

AS MAIORES BRIGAS NA JUSTIÇA ENTRE CRIADORES E PRODUTORAS DE VIDEO GAMES




Não é preciso ter um orçamento gigante para fazer um video game de qualidade. Muitas produtoras indie conseguem isso e o maior exemplo é Minecraft. Mas, para ter uma franquia de sucesso como Call of Duty e Assassin's Creed, os criadores dependem das grandes empresas e vice versa. Normalmente essa parceria rende milhões, mas quando dão errado acabam em batalhas maiores do que as dos jogos que fazem.

De um lado temos aqueles que têm as idéias, criam o design e tentam trazer algo de novo, de outro os que contam com um estúdio com mais de mil funcionários, tecnologia de ponta e estratégias de marketing. Mas, nem sempre assinar um contrato que pingue todos os is, resolve as diferenças. Veja quais foram as mais recentes brigas na justiça entre os criadores e as produtoras.


Criador de Assassin's Creed vs. Ubisoft

Patrice Desilets: "vou lutar pelos meus direitos, meu time e meu jogo"

No começo de maio o criador de Assassin's Creed foi mandado embora pela Ubisoft. Patrice Desilets gritou aos quatro ventos que a empresa não explicou o porquê e por isso entrou com uma ação no valor de U$ 400 mil. 

A relação entre ele e a produtora vem de longa data. Depois de quase 15 anos na empresa, Desilets saiu para abrir a THQ em 2010. Faliu e foi comprada pela Ubisoft por 2.5 milhões de dólares. Retornou à empresa para trabalhar no projeto do novo IP 1666: Amsterdan e desta vez não foi dele a decisão de sair. 



O valor que pede na ação corresponde ao salário devido, indenização e despesas, mas o principal motivo é o direito de comprar o título que, segundo entrevistas que vinha dando, será uma franquia ainda maior do que Assassin's Creed. Nunca revelou muito sobre o jogo a não ser que o enredo terá fatos culturais que têm a ver com uma pintura de Rembrandt. A Ubisoft está com o projeto suspenso até que a situação seja resolvida. 


Criador de Madden vs. EA

Robin Antonick ganhou a primeira parte da ação. Ainda pode receber mais se decidirem que tem direito aos royalties de 97 até hoje

Em julho deste ano, Robin Antonick de John Madden Football ganhou a ação que estava na justiça desde abril de 2011. A EA foi obrigada a pagar 11 milhões de dólares em royalties referentes a 1,5% do lucro de qualquer jogo derivado de Madden 88 e 89. 


A Electronic Arts não queria pagar Antonick dizendo que os jogos para os consoles eram do tipo arcade e desenvolvidos independentemente pela Park Place Productions. Mas, depois ficou provado que os executivos da produtora usaram códigos, documentos de design e outras propriedades intelectuais de Antonick e por isso foi obrigada a pagar os royalties de 1990 a 1996.


Criadores de Call of Duty vs. Activision Blizzard

Vincent Zampella (esquerda) e Jason West querem acertar as contas
Uma das brigas mais feias aconteceu em 2010 entre a Activision Blizzard e os desenvolvedores de Call of Duty, Vincent Zampella e Jason West. Robert Kotick, CEO da produtora, mandou que seguranças levassem os criadores separadamente para uma reunião com o advogado e o diretor do RH. Comunicaram que a partir daquele momento deveriam sair do prédio sem falar com os colegas e que não receberiam os U$36 milhões em bônus e royalties como esperavam. 

Robert Kotick: "Você descobre que dois executivos estão planejando quebrar um contrato, ficar com o dinheiro que você deu e levar 40 dos seus funcionários, o que você faz? Manda embora!" 

Isso tudo aconteceu quatro meses depois do lançamento de Call of Duty: Modern Warfare 2 que vendeu quase 5 milhões de cópias, totalizando mais de um bilhão de dólares no faturamento bruto. Zampella e West acusaram a Activision Blizzard de espionagem corporativa, intimidação e fraude. Em contrapartida a empresa declarou na imprensa que os criadores eram executivos de visão limitada e conspiradores motivados por inveja e ganância na imprensa. 

Os direitos sobre Titanfall podem ter composto o acordo judicial que foi confidencial

West e Zampella então fundaram a Respawn (jargão de video game que quer dizer reincarnação digital) com ajuda financeira da EA. 

A disputa foi resolvida em acordo judicial cujos termos foram confidenciais. Recentemente Zampella e West lançaram Titanfall, um dos jogos de tiro mais esperado deste ano, encerrando de vez a contenda.

Não adianta, o dinheiro ainda fala mais alto. Que levante a mão quem não venderia um jogo para uma mega produtora por uma boa quantia ou recusaria uma proposta de trabalho com direito a bônus e um super salário. Mas, como nada é um passeio no parque, às vezes é preciso comprar uma briga para defender sua criação das mãos cheias de dedos dos executivos das empresas. 

Por Tsu  Matsubara


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