31 de jan. de 2014

VEJA POR QUE AS CASAS DE GAMES NO JAPÃO NÃO PERDERAM MERCADO PARA AS FABRICANTES DE CONSOLES




Os parques de diversão indoor, os Game Centers, são muito populares no Japão. Tão populares que é possível encontrar quatro ou mais em apenas um bairro (e leve em conta que os bairros japoneses são bem menores do que os do Brasil). Ao contrário daqui onde os fliperamas perderam mercado com o surgimento de consoles de mesa, os Game Centers não sofreram diminuição de frequência. 

A Taito, criadora do Space Invaders, tem uma das maiores redes de game centers do Japão

Alguns deles chegam a ter oito andares em cidades grandes como Tóquio e Osaka. A variedade de atrações é bem grande e o número de máquinas também. O frequentador encontra desde atrações como rides, gruas e arcades até jogos de estratégia online como Warcraft. Existem brinquedos para todas as idades, mas depois das 19 horas menores de 16 anos não podem entrar. 

Mas, por que o japonês prefere um Game Center a um console?

Jogar Mario Kart assim é muito mais divertido

Em primeiro lugar é preciso considerar o tamanho do país. Com 128 milhões de pessoas em uma área menor que os estados de São Paulo e Paraná juntos, não é à toa que o preço dos imóveis é alto. Uma família de classe média (um casal e dois filhos) mora em um apartamento de aproximadamente 50 metros quadrados ou menos. As salas de jantar, estar e da família são o mesmo cômodo, o que impede mais do que um aparelho de TV. Assim, ter um PlayStation, Xbox ou Wii fica mais complicado. 


Imagine jogar Wii Sports aqui


Outra razão é a diversidade de atrações. Além dos tradicionais, em todo Game Center decente tem slot machines, games no estilo MMO, cabines de photoshop,  gruas que pegam até comida, corrida de cavalo mecânica e etc. Portanto, atraem frequentadores de todas as idades, grupos sociais, sós ou em grupo. 

Esta é um cena que nunca veríamos no Brasil

Os japoneses sempre foram fãs de games em geral e os brinquedos também refletem as preferências nacionais garantindo uma clientela fiel. 


Aqui é Let's Dance e lá é tambor

Aqui é o box e lá é sumô

O preço da diversão é outro fator importante. Um dos motivos de casas como HotZone enfrentarem dificuldades financeiras é porque o custo é alto para os brasileiros. Trinta reais vão muito fácil e rápido demais. No Japão o preço é menor porque não precisam importar as máquinas e empresas como a Nintendo fazem parcerias que ajudam na redução de custo. Com R$15 dá para brincar duas horas nos Game Centers. 

Neste brinquedo do Mario que empurra moedas, 300 ienes rendeu uma hora de diversão

A conveniência também é importante. A localização dessas casas de games é sempre próxima a restaurantes, cafés e lojas, normalmente em centros comerciais conhecidos como Shotengais. Assim, muitos japoneses que saem com os amigos para jantar e fazer compras acabam entrando nos Game Centers pela oportunidade. 


Esta senhora e a amiga decidiram entrar para brincar depois de um café e bolo

O anúncio do PlayStation 4 e do Xbox One não teve o mesmo impacto que no resto do mundo. Os consoles estarão disponíveis apenas a partir de fevereiro em lojas especializadas (aqui até hipermercado vende). Em compensação, novas máquinas em Game Centers ganham folhetos, balões na frente do estabelecimento, promoções e cupons. 

O sucesso de qualquer negócio é dar ao consumidor o que deseja por um preço acessível. Isso se traduz para o japonês como um local onde é possível brincar sozinho ou acompanhado, escolher entre uma variedade de atrações, divertir-se sem se preocupar com o espaço e a manutenção e ainda estravazar fazendo o que a sociedade inibe em público: falar e rir bem alto. 

Por Tsu  Matsubara


4 comentários:

  1. Ótima matéria! Os game centers no Japão realmente continuam indo muito bem, mas estão diferentes dos antigos "fliperamas" que a gente costumava ver. São mais jogos casuais, principalmente de ritmo e brinquedões gigantes. Mesmo com essa mudança é bom ver que pelo menos em algum lugar do mundo essas máquinas ainda têm fôlego. FLW!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Alessandro, o HotZone até tentou alguma coisa parecida, uma pena que não tem variedade e é caro. Se não fosse assim, tenho certeza que faria sucesso. vlw

      Excluir
  2. Já faz tempo desde que fui embora daí e voltei para o Brasil, mas me lembro que uma coisa que ajudava no movimento dos GCs eram os fighting games, alguns GCs até tinham uma área separada só para esse tipo de jogo, muitos até usando dois gabinetes com só uma placa de jogo, para facilitar o versus. Não sei como anda agora principalmente com o avanço do modo online desse jogos nos consoles de mesa.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Estive lá no mês de janeiro em férias e só posso dizer o que vi em Osaka, Nagoya e Tokyo. Os tipos de jogos que ocupavam mais espaço nos GCs dependiam da cidade e do bairro. Em Namba (centro comercial de Osaka), tinha muitas gruas, RTS e, claro, os slots. Os de luta ocupam áreas grandes que não se comparam com as outras.

      Excluir