19 de mar. de 2014

O QUANTO DE REALIDADE É RETRATADO EM THE AMERICANS?



Depois do final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a então União Soviética entraram em conflito ideológico que durou mais de quarenta anos. A corrida armamentista somada à crise dos mísseis de Cuba, Guerra do Vietnam e a caça às bruxas de Truman, agravaram a tensão entre as duas nações que tinham espiões e planos secretos que deram pano de fundo para muitos filmes e, mais recentemente, à série The Americans. Mas, existe algum realismo no programa?

Keri Russell, Matthew Jennings e Noah Emmerich (lembra do médico que explode o centro no The Walking Dead?)

Para quem nunca assistiu, Elizabeth e Philip Jennings, interpretados por Keri Russell e Matthew Rhys, formam um casal de agentes da KGB infiltrados nos Estados Unidos. Durante o dia levam os filhos para a escola e administram sua agência de turismo, e à noite sequestram, matam e roubam informações secretas do governo americano. 

Como muitos fatos da Guerra Fria ainda estão guardados a sete chaves pela CIA e pelo FBI, muita gente se pergunta se o que assiste tem algum fundo de verdade. Um historiador da inteligência da National Security Archive e um ex-espião da CIA revelam em entrevistas na Business Insider e Vulture, o que concluíram depois de assistirem The Americans. 

O Coronel existiu

Ivanovich Abel, aka Vilyam Genrikhovich Fisher

O último episódio da primeira temporada mostra a morte de um dos agentes mais conhecidos da história, Rudolf Ivanovich Abel. Ele morava em Nova Iorque e posava como fotógrafo. Na série ele mata agentes da CIA e arquiteta planos para obter informações secretas. Na vida real, no entanto, só comparecia a encontros conforme as ordens que recebia.

Rede de agentes adormecidos

Os 10 agentes adormecidos presos pelo FBI em 2010

Como mencionado, a inspiração para a série veio da prisão de uma rede de agentes da KGB em 2010. Nos anos 50 o governo americano também prendeu indivíduos ligados à espionagem, mas não há nada registrado na década de 80, quando se passa a série. 


Envenenamento por guarda chuva

Desenho do guarda chuva que matou Ivanov Markov

Para colocar uma escuta, Elizabeth envenena o filho da empregada do Secretário de Defesa americano com uma agulha na ponta de um guarda chuva. Se ela não fizesse o que mandassem, não iria dar o antídoto para salvar seu filho. Houve um caso de envenamento com ricina, usando um guarda chuva, mas foi em Londres no final dos anos setenta. O búlgaro Georgi Ivanov Markov era considerado um traidor pela Rússia e foi eliminado a mando do Partido Comunista. 


Agentes treinados

O maior treinamento era se fazer passar como uma típica família americana

O casal Jennings é especialista em tudo, armas, artes marciais, explosivos, etc. Tudo isso é para o nosso entretenimento porque a realidade era um pouco mais sem graça. Os agentes da KGB sabiam passar despercebidos na sociedade americana, mas não eram experts como Elizabeth e Philip. O seu treinamento era focado nas mensagens codificadas, disfarces e troca de informações.


Espião e Agente

O trabalho mais importante de um agente era conseguir convencer um indivíduo a ser um espião

Às vezes na série fica tudo misturado, mas existe uma diferença entre um agente e um espião. Os protagonistas são agentes oficiais, recrutados e treinados para determinada função. Os espiões são os contatos que trazem informações para eles. Então, o físico que deu as especificações de reatores era um espião americano que trabalhava para os russos. 


Táticas 

Para ganhar a confiança da secretária, um casamento falso é celebrado por agentes da KGB. Só Martha não sabe. 

Para conseguir informações da secretária do Diretor do FBI, Philip precisa se casar com ela. Isso realmente ocorria na época da Guerra Fria, mas não como na série onde ele continua casado com Elizabeth. Agentes se aproximavam de uma fonte e em um caso ou outro, se casavam para não levantar suspeitas e se manterem informados. 

As várias faces de Elizabeth Jennings

O uso de venenos, gravadores, pontos de encontro, identidades falsas, sedução e outras táticas usadas pelo casal em The Americans eram comuns entre os agentes na Guerra Fria. 

A verdade é que queremos entretenimento. Se era impossível que um só agente tivesse tantas missões ao mesmo tempo, explodisse coisas e apanhasse com frequência, na TV ninguém quer saber. Mas, que ver tudo isso num contexto realista nos faz esperar por cada episódio, isso faz. 


Por  Sofia Pietro


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