16 de abr. de 2014

GAME OF THRONES: E AGORA? QUEM VAMOS ODIAR?



[Spoiler para quem não assistiu o segundo episódio desta temporada] Toda série cuja narrativa não seja óbvia é uma série bem vinda. Game of Thrones é uma delas. A não ser que tenha lido o livro, a surpresa faz parte de todo episódio. Os heróis construídos com tantos detalhes são eliminados de maneiras frustrantes e sempre substituídos por outros para quem torcemos com o mesmo entusiasmo. Mas, não há brilho nos heróis sem antagonistas. E King Joffrey, neste quesito, era magnífico.

Matou uma prostituta sem motivo, só para se divertir

Desde criança era mimado, sádico e covarde. Gostava de aterrorizar, infligir dor, humilhar, um verdadeiro bully. Quem não achou revoltante quando obrigou Sansa a ficar olhando a cabeça cortada do pai ou quando mandou matar um bebê? Gostava tanto de pisotear os outros que até aquele queixinho antipático e risadas forçadas davam raiva. Sua imaturidade e insegurança deveriam fazer dele uma figura ridícula de quem não valeria a pena sentir qualquer coisa que não fosse pena. Mas, era um ser tão horrível que era inevitável sentir ódio. Não havia uma qualidade sequer em Joffrey e quantas não foram as vezes que torci para que morresse linchado ou cortado ao meio. Ele era o único que representava o mal inquestionável com caráter irredimível. 

Como disse, arrogante, mimado e sádico

Sua morte foi mais espetacular do que podia esperar. Depois das crueldades com o tio (Tyrion) durante sua festa de casamento, a raiva era tanta que quando começou a tossir não acreditava que finalmente ia ter o que merecia e que a qualquer momento iria levantar dando aquela gargalhada irritante. Não houve em toda a série, momento tão glorioso do que vê-lo agonizar e morrer lentamente. Se o responsável tivesse se identificado, teria me levantado, batido palmas e gritado "Bravo!". 


Mas, logo em seguida fui tomada por uma sensação de abandono. Quem poderia substituí-lo no mérito de ser puramente diabólico? Sua mãe? Cersei é uma criatura terrível com certeza, mas com capacidade de amar e a desvantagem de ser mulher no mundo dos homens. Mesmo suas piores intrigas e a satisfação em presenciar o sofrimento dos outros não justificam a raiva que Joffrey incitava.


Passei o resto do episódio buscando um antagonista à altura e alguns foram até merecedores de consideração: Melisandre (a conselheira de Stannis Baratheon), Walder Frey (assassino de Rob, Catelyn e Talisa), Tywin Lanister (avô de Joffrey) e o próprio Stannis Baratheon. Nenhum chegou perto de Joffrey. Melisandre pelo menos acredita em alguma coisa. Suas ações podem ser deploráveis, como queimar vivos os que considerava pagãos, mas são fundadas em convicção. Não há como não respeitar isso. Walder Frey não seria ninguém se não tivesse feito a carnificina no casamento da filha. Tywin é ganancioso, arrogante e autoritário, e apesar de desprezar nosso querido Tyrion, tem lá suas qualidades. E, finalmente Stannis, cujo maior defeito é a fraqueza de caráter.


Essas reflexões me levaram à conclusão de que Joffrey dificilmente poderá ser substituído. Como disse no início do post, Game of Thrones é cheio de surpresas e por isso tenho a esperança de que o vazio que deixou seja preenchido em breve. Há um certo conforto em ver que nossos heróis são compostos de imperfeições, mas nada dá mais satisfação do que o prevalecimento da justiça que só é possível quando existem inimigos desprovidos de qualquer qualidade. 


Por  Sofia Pietro


1 comentários:

  1. Eu não gostei da morte dele, esperava que fosse retalhado ou algo assim.

    ResponderExcluir