18 de abr. de 2014

O ABSURDO DE OBRIGAR OS GAMERS A USAR NOME VERDADEIRO



Há algum tempo sites como a Battle.net tentaram, sem sucesso, obrigar os gamers a se identificarem pelo nome verdadeiro. O uso do nickname não é mero capricho e carrega reputação e fama como a de um nome artístico. Porém, é inegável que o anonimato permita a desenfreada corrente de ofensas, conteúdos inapropriados e ilegais que invadem o mundo online. Com a atribuição cada vez maior da responsabilidade jurídica às empresas de serviços online, é inevitável que regras mais rígidas sejam impostas aos usuários. Mas, a obrigatoriedade do nome verdadeiro deveria ser uma delas?

O objetivo dos eSportistas não é, e nunca foi, o de se esconderem

Antes de mais nada é preciso separar aqueles que prezam o anonimato para fazer uso indevido da liberdade daqueles que adotam um nickname para construir um perfil com apelo e relevância na comunidade. Aos primeiros, só resta a infelicidade de sua conduta lamentável e covarde que nunca adotam quando encarados frente a frente. Entretanto são os outros, aqueles que não procuram se esconder, mas criar uma persona com atributos distintos da sua vida pessoal, que acabam sendo prejudicados.


Um dos gamers mais respeitados de Dota2 é conhecido como Ferrari_430

O uso de nicknames, para eles, tem caráter cutural, como argumentou Andrew Groen em artigo publicado na Polygon. Segundo ele, a comunidade gamer é internacional e pede por uma identificação fácil e pertinente porque o que importa não é a idade, profissão ou nacionalidade e sim a habilidade. 

A privacidade é outra questão relevante. O acesso às informações pessoais não deve ser facilitado porque as empresas desejam transferir a responsabilidade aos usuários. A divulgação e a exposição desses dados abriria ainda mais as portas para ofensas e agressões verbais injustificadas. Mais ainda, o anonimato do gamer garante que sua escolha de entretenimento não prejudique sua vida pessoal e profissional. 



Antes de obrigar o uso do nome verdadeiro, as empresas devem exercer um controle (por mais limitado que seja) capaz de evitar conteúdos criminosos e inadequados. A abertura de canais de denúncias, bloqueio, registros e identificação do IP pode ser muito eficaz para isso, o que já acontece em algumas redes sociais e serviços como o do PlayStation.

O maior e mais importante controle, porém, ainda está nas mãos dos membros da comunidade. Conteúdos ofensivos não refletem necessariamente a gradual degradação do ser humano e sim, a manifestação de seu pior lado. A despoluição online é cada vez mais evidente, provando que a distância entre os comportamentos no mundo real e no virtual está diminuindo. A maioria dos fóruns, sites e blogs de video games já têm moderadores e mediadores que contribuem para a melhora de seus conteúdos. 

Obrigar os gamers a usar nomes verdadeiros é insensível e insensato, da mesma forma que seria se existisse um lei que proibisse a venda de bebida alcoólica para impedir que alguns dirijam embriagados. O bom senso deve vir de todos, dos gamers, na escolha de um nickname que não seja ofensivo, das empresas, de exercer um controle maior sobre o conteúdo e dos membros da comunidade, de marginalizar aqueles cujo objetivo seja o de ofender e agredir.


Por Tsu  Matsubara


2 comentários:

  1. O google também tem funcionado assim, a cultura dos nicks esta sendo ameaçada.

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    1. Pois é. satyfa, o nick é uma identidade, o email é um endereço e o IP um comprovante de endereço. Revelar tudo ao público é deixar a carteira aberta no meio da rua.

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